Clara ficou para trás - Parte Final
O bonde está passando mais ainda dá tempo de sentar na janelinha, acompanh
...
Foi muito rápido como um abrir e fechar de olhos... Olhei para o lado e
Lucas não estava lá, toda a sua roupinha estava ali, inclusive à fralda,
eu sacudi de um lado para o outro, revirei os lençóis, em baixo da cama e nada.
Meu coração acelerou e minha respiração ficou ofegante,
senti uma pressão na cabeça enlouquecedora.
“Não é possível que ele tenha sumido.”
- Sônia! Sônia! Sooooôniaaa!!!!!!!!!!!!!!!! Socorro!
Eu gritava sem parar, mas não havia resposta...
Abri a maçaneta do quarto e fui correndo até a entrada da cozinha,
quando comecei a ouvir gritos, eram distantes, porém eram muitos.
Mal consegui continuar andando, me apoiei na parede e
fui entrando na cozinha aos poucos, de longe vi uma mamadeira
jogada no chão:
- SÔNIA! SÔNIA!
Um terror se apossou de mim, tinha medo do que poderia ver,
quando cheguei mais perto, lá estava o que eu jamais esperava:
A roupa de Sônia no chão! Os sapatos, o avental, tudo...
Gritei até perder a voz, me joguei no chão,
os barulhos só aumentavam, junto aos gritos,
haviam o barulho de freadas e estrondos,
tentei ligar no celular da minha mãe, mas as linhas não estavam funcionando,
para que me enganar, eu sabia bem o que estava acontecendo:
Era o arrebatamento!
Sai correndo em desespero com pijama e tudo, houve um estrondo ainda maior,
dessa vez a estrutura do prédio se moveu, pensei que podia ser um avião,
todas as histórias que havia ouvido um dia,
agora estavam acontecendo.
Cheguei à garagem e encontrei o motorista em estado de choque:
- Por favor, me leve até a igreja, preciso encontrar minha mãe.
Ele não me respondia, passava a mão na cabeça como
se quisesse arrancar os cabelos.
Olhei para a rua e havia mulheres gritando com roupas de criança na mão,
homens desesperados procurando alguém e muita fumaça,
com certeza algo grande havia caído por ali.
Como o motorista não respondia,
peguei o carro e sai, só conseguia pensar que se chegasse à
igreja teria alguma resposta, como se isso fosse possível.
Andei com o carro poucos metros, havia um acidente bem próximo ao
condomínio. Desci do carro e comecei a andar,
a igreja não era tão longe assim,vi umas pessoas pulando dos prédios,
acredito que foi por desespero, era a coisa mais terrível,
havíamos sidos deixados para trás.
Apesar do pânico que invadia meu ser continuei correndo até a igreja,
quando um acidente chamou minha atenção, um engarrafamento,
um carro havia batido atrás do outro,
porém o primeiro carro da fila era idêntico o da minha mãe,
não havia muitos carros como aquele,
era importado e de uma edição limitada.
Corri até ele com as forças que ainda tinha, outras pessoas
esbarravam em mim,
havia muitos feridos, mas só conseguia olhar para o carro.
Tremia da cabeça aos pés, abri a porta com dificuldade,
estava muito amassado, mas quando olhei para o interior,
o que eu mais temia estava acontecendo...
Mamãe não estava lá, apenas suas roupas,
e a bíblia deixada no banco do passageiro.
Minhas vistas escureceram e cai no chão,
com a cara no pó, eu só conseguia chorar.
Neste momento ouvi uma voz bem distante:
- Clara... Clara... Acorda!
Abri os olhos assustada e vi minha mãe,
olhei para o lado e estava em casa, no meu quarto,
Lucas estava bem ali onde eu havia deixado.
Arregalei os olhos e fiquei atordoada por alguns segundos.
“Meu Deus eu estava sonhando, era tão real.”
Na verdade havia sido um pesadelo,
pena também não ser um sonho todas as más escolhas que eu
havia feito no passado.
Porém agora tinha o tempo presente para fazer escolhas diferentes,
e elas precisavam ser feitas, precisava buscar
Aquele que pode salvar minha alma, pois esse dia realmente virá e
só depende de mim mesma, não ficar para trás...
FIM
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